terça-feira, 30 de outubro de 2007

Resenha sobre o texto: A internet e o novo papel do jornalista ( Inês Mendes Moreira Aroso)

“Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderá persistir num ofício tão incompreensível e voraz, cuja obra se acaba depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não permite um instante de paz enquanto não se recomeça com mais ardor do que nunca no minuto seguinte’’, Gabriel Garcia Márquez exemplifica bem o papel do jornalista . Que acrescento ainda ser um profissional com o compromisso eterno de informar e dedicar-se a noticia seja no radio, televisão, impresso ou mídia digital. E é sobre esse agente voltado ao jornalismo digital ( em multimeios) .
No artigo “ A internet e o novo papel do jornalista “ Inês Mendes Moreira Aroso traz pensamentos de teóricos que em 2000, 1999 e 1997 deparavam-se com a expansão dos trabalhos da comunicação, na mídia digital. O medo do desconhecido estimulava previsões de que a atividade jornalística chegaria ao fim e de que haveria mudanças radicais na execução da profissão.
As mudanças ocorreram de fato, estando perceptíveis na atual necessidade de manusear ferramentas de uma mídia digital , como cita Doug Millison (1999, apud Mendes, Inês) : “ Os jornalistas on line devem aprender algumas ferramentas básicas da Web: como usar a internet para pesquisar informação, programação básica da HTMl para saberem construir páginas WE, produção digital de áudio e vídeo e técnicas de programação na WEb relacionadas, para adicionar elementos multimídias ao texto jornalístico”. Ou seja , o jornalista na mídia digital tem que possuir pelo menos noção de manuseio dessas técnicas para que possam executar atividades nesse espaço . Chritopher Haper ( apud Mendes, Inês)coloca essa amplitude do campo de atuação do espaço virtual ( internet) quando exemplifica: “ Na edição eletrônica, o repórter leva consigo uma caneta, um bloco de notas, um gravador de áudio, uma maquina fotográfica digital e por vezes uma câmera de filmar de uso domestico”.
O jornalista da era digital teve de fato que adaptar-se as regras estabelecidas pelo Jornalismo Digita [1] indo de acordo com as exigências do web jornalismo (interatividade, hipertextualidade, personalização, multimidialidade, memória e instantaneidade). Mas as mudanças limitam-se ao espaço e ferramentas , posto que o papel milenar do jornalista permanece intacto . O de transpor a função de mero contador de fatos assumindo a postura de interprete da informação. Por acreditar na premissa apresentada anteriormente é que discordo das colocações de Pavlik ( apud Mendes, Inês) quando apresenta o que para ele são as três mutações no papel do jornalismo sofridas depois da utilização da Internet: “ O jornalista tem que ser mais do que contador de fatos, o papel do jornalista com interprete do acontecimento será expandido e em parte modificado e os jornalistas on line terão um papel central na ligação das comunidades”.Ora, o conceito apresentado por Palvlik como sendo uma mutação, ao meu ver, é a essência da atividades jornalística e não um elemento indicador de mudanças.
A internet possibilitou ao profissional ( independente) um espaço com mais liberdade, sem interferências das chefias administrativas ou do setor comercial. A internet apresenta-se com um ambiente amplo onde se discute idéias livremente. Com tamanha ferocidade que deu subsídios para questionar-se sobre um possível fim do profissional de jornalismo e a finalização do papel do gatekeeper, como destaca Jim Hall( 2001)( apud Mendes, Inês) : “ A partir do momento em que os leitores se tornam os seus próprios contadores de histórias o papel de gatekeeper passa , em grande parte , do jornalista para eles”. Nem todo aquele que escreve é jornalista, para adquirir tal especialização é necessário não somente ter uma boa escrita ou uma voz adequada (aveludada), precisa sim saber analisar os contextos, investigar e promover ligações entre a sociedade. Por esse motivo julgo ser relevante destacar que essa liberdade de produção oferecida no ambiente virtual não ameaça o papel do jornalista já que a informação noticiada necessita de credibilidade , de filtragem e de organização das tarefas itens aplicados de acordo com os critérios de noticiabilidade estabelecidos .
[1] Jornalismo digital é todo produto discursivo que constrói a realidade por meio da singularidade dos eventos, que tem como suporte as redes temáticas ou qualquer outro tipo de tecnologia por onde se transmitam sinais numéricos e que incorpore a interação com os usuários ao longo do processo produtivo. É uma das atividades que se desenvolve no ciberespaço (MACHADO, 2000, p.19 apud Schwingel , Carla, Jornalismo Digital da Quarta Geração).